🇮🇹 DIO È PAPÀ
(testo e video in 🇮🇹 italiano)
Una riflessione per la XVII Domenica del Tempo Comune C (24-7-2022)
> Lc 11,1-13 (Padre nostro)
I.
Navigando in internet mi sono imbattuto in un testo molto bello dal titolo “definizione di un figlio”. Non ho trovato finora una definizione più bella di questa:
“Un figlio è un essere che Dio ci ha prestato per fare un corso intensivo di come amare qualcuno più che noi stessi, di come cambiare i nostri peggiori difetti per dargli migliore esempio, per apprendere ad avere coraggio. Sì. È questo! Essere madre o padre è il più grande atto di coraggio che si possa fare, perché significa esporsi ad un altro tipo di dolore, il dolore dell'incertezza di stare agendo correttamente e della paura di perdere qualcuno tanto amato. Perdere? Come? Non è nostro. È stato solo un prestito. Il più grande e meraviglioso prestito, siccome i figli sono nostri solamente quando non possono prendersi cura di sé stessi. Dopo appartengono alla vita, al destino e alle loro proprie famiglie. Dio benedica sempre i nostri figli, perché a noi ci ha benedetto già con loro”.
II.
Questa definizione, riportata innumerevoli volte su internet, è sempre (o quasi sempre) attribuita erroneamente a José Saramago (il famoso scrittore premio Nobel portoghese). Anche in un articolo su Avvenire del 2017, Ferdinando Camon commette lo stesso errore. La “Fondazione José Saramago” ci ha tenuto a smentire categoricamente l’autoria di Saramago. Ma non c’era bisogno di scomodarsi. Io l’avevo capito subito che quelle parole non potevano essere sue. Saramago, nonostante il premio Nobel per la letteratura che ha vinto nel 2018, non avrebbe mai potuto scrivere qualcosa di così bello, di così altamente spirituale, lui dichiaratamente ateo e incatenato al suo materialismo storico.
Quello che non riesco a capire è perché il vero autore di questa frase ha voluto celarsi attribuendo l’autoria ad un altro. Forse per dare più valore e fama alle sue parole? Sembra invece che nel mondo degli internauti sia stata questa frase a dare più fama a Saramago (e questo non fa giustizia a Saramago che ha scritto opere importanti, né fa onore agli internauti che dimostrano così la loro ignoranza). (A proposito di “ignoranza internauta”, mi viene in mente la recente uscita del guru degli influencer: “Chi c…. è STRELLER raga?”).
III.
Ma torniamo a noi, alla bellissima definizione di figlio come colui il cui padre ama più che se stesso. Quindi più che una definizione di figlio questa è una definizione di padre, come colui che ama il figlio più che se stesso. E questa definizione vale anche per Dio padre, che ama così grandemente i suoi figli al punto di consegnarsi alla morte per loro.
Gesù nel vangelo di oggi ci dice: “Se voi dunque, che siete cattivi, sapete dare cose buone ai vostri figli…”, immaginiamoci allora che cosa farà il Padre nostro, che è la bontà assoluta, per i suoi figli. Gesù insegnando a pregare, insegna a chiamare Dio “Abba”, papà. Non insegna tanto parole da dire ma una relazione. Gli esegeti (es. Fernando Armellini) dicono che non siamo sicuri se Gesù abbia detto tutte quelle parole del Padre nostro, ma siamo sicuri che ha detto la prima parola “Abba”. Tutta la preghiera è riassunta qui in un’unica parola “Abba”.
Pregare non è moltiplicare parole, ci dice Gesù. Molti dicono “io non so pregare, non so cosa dire…” come se pregare fosse dire delle parole: quelle sono “le preghiere,” ma “la preghiera” è un’altra cosa, non ha bisogno di parole ma di relazione. Anche la relazione con il nostro papà terreno a volte è muta, non sappiamo cosa dire, non per questo smettiamo di essere figli. Potranno tacere le parole, ma la relazione continua. Possiamo smettere “le preghiere” ma non “la preghiera” (la relazione), quella non smette mai. Così anche per i nostri figli, potranno smettere di venire in chiesa o dire le preghiere, ma non smettono mai di essere figli di Dio, la relazione non viene mai interrotta, non muore mai.
IV.
Su di un muro qualcuno aveva scritto:
“God is dead”, firmato Nietzsche (il famoso filosofo della morte di Dio).
Qualcun’altro però apportò una correzione e scrisse:
“God is dad”, firmato Gesù.
Infine qualcuno scrisse:
P.S. “Nietzsche is dead”, firmato Dio.
Ed io aggiungerei: anche Saramago è morto!
Sappiamo che Dio, che è Padre, alla fine perdonerà tutti i suoi figli, anche i vari Nietzsche e i vari Saramago.
Qualcuno potrebbe obiettare: allora quale sarà la differenza tra chi ha creduto e chi no?
Sarà la stessa differenza tra chi ha vissuto la sua vita in compagnia del proprio papà e di chi invece è rimasto orfano per tutta la vita.
Che Dio allora possa benedire tutti questi “orfani” del mondo, perché a noi, ci ha già benedetti ogni volta che lo abbiamo chiamato “Abba”, papà.
(La musica di sottofondo è Luminous di Ludovico Einaudi)
Per accedere al video in italiano : https://youtu.be/DmLCPXzILtc
🇵🇹 DEUS É PAI
(texto e vídeo em 🇵🇹português)
Uma reflexão para o 17º Domingo do Tempo Comum C (24-7-2022)
> Lc 11,1-13 (Pai Nosso)
I.
Enquanto navegava na Internet encontrei um texto muito bonito intitulado "definição de um filho". Até agora não encontrei uma definição mais bela do que esta:
"Um filho é um ser que Deus nos emprestou para fazer um curso intensivo de como amar alguém mais do que a nós próprios, como mudar as nossas piores falhas para dar um exemplo melhor, para aprender a ter coragem. Sim. É isto! Ser mãe ou pai é o maior acto de coragem que se pode fazer, porque significa expor-se a outro tipo de dor, a dor da incerteza se se está a agir correctamente e o medo de perder alguém tão amado. A perder? Como? Não é nosso. Foi apenas um empréstimo. O maior e mais maravilhoso empréstimo, uma vez que os filhos só são nossos quando não podem cuidar de si próprias. Depois, pertencem à vida, ao destino e às suas próprias famílias. Que Deus abençoe sempre os nossos filhos, pois nós, já nos abençoou com eles".
II.
Esta definição, citada inúmeras vezes na Internet, é sempre (ou quase sempre) atribuída erradamente a José Saramago (o famoso escritor português galardoado com o Prémio Nobel). Mesmo num artigo no jornal Avvenire em 2017, Ferdinando Camon comete o mesmo erro. A 'Fundação José Saramago' esforçou-se por negar categoricamente a autoria de Saramago. Mas não havia necessidade de se preocupar. Eu sabia imediatamente que essas palavras não podiam ser dele. Saramago, apesar do Prémio Nobel da Literatura que ganhou em 2018, nunca poderia ter escrito algo tão belo, tão altamente espiritual, pois declaradamente ateu e acorrentado ao seu materialismo histórico.
O que não consigo compreender é porque é que o verdadeiro autor desta frase se quis esconder atribuindo a autoria a outro. Talvez para dar mais valor e fama às suas palavras? Em vez disso, parece que no mundo dos internautas, foi esta frase que deu mais fama a Saramago (e isto não faz justiça a Saramago que escreveu obras importantes, nem faz crédito aos internautas que assim demonstram a sua ignorância). (Falando de 'ignorância internauta’, lembro-me das recentes palavras do guru influenciador: "Quem c…… é STRELLER rapazes?”).
III.
Mas voltamos a nós, à bela definição de filho como aquele cujo pai ama mais do que a si próprio. Portanto, mais do que uma definição de filho, esta é uma definição de pai, como aquele que ama o seu filho mais do que a si próprio. E esta definição aplica-se também a Deus Pai, que ama tanto os seus filhos que se entregou até à morte por eles.
Jesus diz-nos no evangelho de hoje: "Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos...", imaginemos então o que o nosso Pai, que é bondade absoluta, fará pelos seus filhos. Jesus ensina como rezar, e o faz ensinando a chamar a Deus "Abba", pai. Ele ensina não tanto palavras a dizer, mas uma relação. Exegetas (por exemplo, Fernando Armellini) dizem que não temos a certeza se Jesus disse todas aquelas palavras do Pai Nosso, mas temos a certeza de que ele disse a primeira palavra "Abba". Toda a oração é aqui resumida numa única palavra "Abba".
Rezar não é multiplicar as palavras, diz-nos Jesus. Muitas pessoas dizem "não sei rezar, não sei o que dizer..." como se rezar fosse dizer palavras: essas são "orações", mas "oração" é outra coisa, não precisa de palavras, mas de relação. Mesmo a relação com o nosso pai terreno é por vezes silenciosa, não sabemos o que dizer, não é por isso que deixamos de ser filhos. As palavras podem ser silenciosas, mas a relação continua. Podemos parar "as orações" mas não "a oração" (a relação), que nunca pára. Assim também para os nossos filhos, eles podem deixar de vir à igreja ou de dizer as suas orações, mas nunca deixam de ser filhos de Deus, o relacionamento nunca pára, nunca morre.
IV.
Numa parede, alguém tinha escrito:
“God is dead” (Deus está morto), assinado Nietzsche (o famoso filósofo da morte de Deus).
Alguém, no entanto, fez uma correcção e escreveu:
“God is dad” (Deus é pai), assinado Jesus.
Em fim alguém escreveu:
P.S. “Nietzsche is dead” (Nietzsche está morto), assinado Deus.
E eu acrescentaria: Saramago também está morto!
Sabemos que Deus, que é Pai, acabará por perdoar todos os seus filhos, mesmo os vários Nietzsche e Saramago.
Alguém pode objectar: então qual será a diferença entre os que acreditaram e os que não acreditaram?
Será a mesma diferença entre aqueles que viveram as suas vidas na companhia do seu pai e aqueles que ficaram órfãos durante toda a sua vida.
Que Deus abençoe então todos estes 'órfãos' do mundo, pois para nós, Ele já nos abençoou cada vez que o chamámos 'Abba', pai.
(A musica de fundo é "Luminous" de Ludovico Einaudi)
Para cedere ao vídeo em português: https://youtu.be/fS4I16ur9Z4
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